segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Na Alemanha pode

Tudo começou há tempos imemoriáveis, quando o marido da Dona Pieterese ainda era vivo e atendeu um paciente com um dente frouxo que pediu uma semana antes de arrancá-lo. Na consulta seguinte, o dente dele estava totalmente Ok. Aparentemente um remédio homeopata foi o que o curou, e desde então a Dona Pieterse guarda o nome desse bendito remédio. Semana passada, diz ela estar com o mesmo problema no dente, e pediu uma semana para o dentista antes de arrancá-lo, pois também tomaria o remédio homeopata. O problema é que atualmente o tal remédio não é mais achado na Holanda, mas ainda se vende na Alemanha e ela andava super preocupada que o frasquinho dela não seria suficiente.

Prometi que se não chovesse no final de semana, iria de bicicleta até a Alemanha. Dito e feito, fui na farmácia local da vilazinha mais próxima da fronteira. Parece outro mundo: ninguém na Alemanha fala inglês, tive que me virar em alemão mesmo com o tiozinho da farmácia. Como até a década de 60 Elten era parte da Holanda, e ainda tem vários holandeses na aldeia, é comum encontrar placas de vende-se na frente das casas nas duas línguas: alemão (zu verkaufen) e holandês (te koop), ou às vezes só em holandês mesmo. Engraçado porque acredito eu que em algumas vilas a população de turcos também forme uma minoria bastante significante, mas aposto que os mesmos alemães que não tem problemas com as placas em holandês, dariam chilique ao se deparar uma placa em turco na Alemanha...


O que me quebrou no sábado é que o pessoal da farmácia me pediu 3h, creio que pra buscar o remédio em outro lugar, ou algo assim, mas não tem absolutamente NADA pra se fazer em Elten. Em menos de 10 minutos já tinha passeado por todas as ruas do lugar. Pra compensar, a Dona Pieterese só faltou dar pulinhos de alegria ao ver o remédio dela. Ela tem um conhecido que possui uma máquina de fazer cópias de comprimidos (!), então sempre que um remédio está acabando, ela dá a pílula para ele e por 11€ o charlatão devolve um pote cheio de placebo, mas que por azar do destino o camarada estava de férias. Ficou impressionada quando eu disse que não existem mais fronteiras com a Alemanha e que ela não precisa de passaporte pra ir pra lá. Como forma de agradecimento, ela foi caminhando com o Tilly num mercado turco lá onde o trem faz a curva (acredito que uns 4km daqui de casa), e me deu de presente um doce que os netos dela adoram.

2 comentários:

  1. Criou-se um mito e ela tentar manter esse mito vivo, o que deve fazer muito bem para ela.
    Você mais uma vez, fez alguém fica muito feliz.

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  2. Marcos,
    eu concordo com o seu pai, o importante não é se o remédio faz efeito ou não, mas sim que você deixou a Srª Pietersen feliz.
    Beijos,
    Mamãe

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