sábado, 31 de março de 2012

Reconhecendo território inimigo

Logo depois de receber a minha primeira proposta de trabalho, fui chamado pra participar do processo seletivo da arqui-rival da minha empresa, também naquele esquema de 2 dias num hotel 5 estrelas de frente pra melhor praia de Macaé com todas as refeições pagas. Tentador, não? Como meus amigos falaram que era um processo bacana onde se aprendia muito, resolvi encará-lo também. Chegamos em Macaé umas 3 da tarde, espalhei pra todos os candidatos tudo o que eu sabia do processo. Apesar de estarmos de frente pro mar, a recutadora nos proibiu de ir pra praia. Assim que cheguei no hotel, tentei dormir o máximo possível de tarde. De noite tivemos um jantar com recrutadores e diversos gerentes, e assim que fomos dispensados, tratei de descansar o quando pude. Sem graça, nos deixaram dormir a noite toda, no dia seguinte às 6h da manhã nos apresentamos, falamos um adjetivo com a inicial do nosso nome e outras coisas mais de RH, tudo em inglês.

Depois do café da manhã partimos para a base, onde os gerentes fizeram apresentações super legais, uma geralzona e outras das diferentes áreas de atuação da empresa. Mais umas dinâmicas de RH, depois almoço, capacete, botas, óculos de proteção e todo mundo foi separado para 5 atividades em grupo. A primeira era só medir e desenhar uma ferramenta com uma trena (incluindo diâmetros, cortes, etc.); depois tínhamos que limpar um contêiner e alocar cabos elétricos numa caixa, com uma recrutadora berrando grosseiramente no ouvido de todo mundo o tempo todo; depois era medir a resistivdade e condutividade de uma peça (também com os recrutadores testando sua paciência); instalar um botão; e finalmente colocar e retirar brocas numa peça. O objetivo disso tudo é testar como os candidatos se comportam sob pressão, já que em nenhuma das atividades eles te deixam 'trânqüilo', agem sempre como clientes impacientes, que é mais ou menos como ocorre na vida real. (Continua...)

sábado, 24 de março de 2012

Ciclovia Artur Xexéo

Semana passada o Artur Xexéo publicou uma matéria no jornal que deixou muito gente irritada. Basicamente ele defendia que ciclovias no Rio de Janeiro deveriam ser apenas na orla da praia ou da lagoa, que ninguém sério usa bicicleta nessa cidade pra ir trabalhar e que isso só funciona em país frio. Claro que eu me senti muito incomodado, sempre que posso vou de bike de Copacabana pro Centro, nunca morri desidratado por causa disso e várias pessoas na cidade toda a utilizam como uma alternativa de transporte. Em bairros mais afastadas da praia (tipo Santa Cruz, Campo Grande, Bangu, etc.), são as regiões onde mais se usa a bicicleta na cidade, locais que não deveriam sequer existir ciclovias segundo a lógica perversa do colunista de não atrapalhar o transporte motorizado.


Claro que a cidade não é perfeita, sofremos uma falta de vias apropriadas para andar de bicicleta, mas é óbvio que quanto mais ciclovias ou ciclofaixas forem criadas, mais pessoas irão adotar as magrelas no dia-a-dia. Notícias assim num jornal grande só atrapalham a aceitação de tais políticas públicas. Marcamos um evento no facebook para protestar pelas ciclovias mal-acabadas na cidade e em homenagem a todos que passam por ali, inagurar a 'Ciclovia Jornalista Artur Xexéo' (o jornalista não coube na plaquinha!). Fechamos o dia com pastéis, petiscos e bebidas no bar da Urca, na muretinha de frente pro baía... Foi muito legal ver uma galera que eu só conhecia via e-mail, e acabei voltando pra casa com uma ciclista que mora na minha rua.

Abaixo o link para a polêmica coluna do Xexéo:
http://oglobo.globo.com/cultura/xexeo/posts/2012/03/14/uma-ciclovia-incomoda-muita-gente-435784.asp

terça-feira, 13 de março de 2012

Nadando contra a correnteza

Pelo que eu entendi, a Marilene sofre de esclerose múltipla, às vezes ela perde os movimentos de um braço, de uma perna, mas com tratamento eles voltam. De um dia pro outro ela acordou cega e, claro, tentou de tudo para voltar a enxergar, mas segundo a minha amiga ela voltou mesmo a viver de novo quando desistiu de ficar procurando a cura e descobriu que podia ser feliz assim mesmo. Voltou a fazer o que gostava, deu aulas de culinárias e hoje recebe uma bolsa do governo brasileiro para competir como pára-atleta. Hoje ela já tem mais de 50 anos e não conseguiu mais atingir o índice olímpico para receber a bolsa como atleta de natação, mas ela é uma daquelas pessoas batalhadores que não desiste no primeiro obstáculo, tentou de tudo para continuar no esporte e conseguiu atingir nível pára-olímpico no lançamento de dardos.

O Wilter, marido da Marilene, não enxerga desde os 16 anos, acho que ele caiu do telhado ou algo assim, mas também leva a vida bem trânqüilo. Trabalha numa câmara escura como operador de raio-X, aparentemente um emprego comum entre cegos, e começou a competir por influência da esposa, e também porque gosta de natação. Ele tem um problema na perna e iria nadar bem devagar. Eu fiquei de guiá-lo durante a competição. Meu maior medo era pra entrar na água, já que eles não conseguem ver quando a onda está chegando, mas demos sorte e o mar estava uma piscina! Só a água estava gelada, 19°C, e muita gente desistiu logo nos primeiros 500m. Ser um guia na competição é muito mais responsabilidade: desistir no meio da prova significa também acabar com o sonho de alguém que se preparou pra caramba pra essa prova só porque o guia cansou ou achou que a água estava gelada demais...

A maior dificuldade foi que estávamos nadando contra a correnteza e mesmo lá no fundo as ondas estavam bem cheias, e jogavam toda a hora pra praia. Tive de corrigir o Wilter quase que o tempo todo, mas chegamos até o fim da prova e deixamos um monte de gente pra trás! No final das contas, a Marilene - que estava se poupando para as provas de atletismo - terminou em primeiro, e eu e o Wilter, em 5° lugar da categoria, uma experiência e tanto!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Bye-bye Brazil

Tenho que admitir que gosto muito do Rio de Janeiro. Essas últimas semanas fiz várias trilhas na cidade: praias selvagens em Guaratiba, cachoeira, além de ter ido muito a praia, andar de bicicleta e tudo mais. Esse sábado vou participar do desafio 'Rei e Rainha do Mar' como guia de um deficiente visual numa travessia de 1k na praia de Ipanema. Claro que tenho aproveitado esses dias de férias e sol pra ir a praia com a desculpa de estar treinando... Outra coisa muito boa de estar 'em casa' é rever a família e os amigos e colocar o papo em dia. Apesar de sermos engenheiros elétricos, parece que 90% da minha turma da faculdade está agora é trabalhando com petróleo! Domingo agora também teve a festa de aniversário da minha irmã e foi muito bom ver a família de novo.

Essa última terça-feira consegui arrastar a Pati para uma bicicletada lá no centro da cidade que eu fiquei sabendo em cima da hora. Acho que chegamos a umas 200 pessoas pedindo mais prudência no trânsito, em homenagem aos 5 ciclistas que morreram na semana passada, especial a Juliana de São Paulo que era conhecida de uma galera. Várias bicicletas super produzidas, teve até cachorro dentro do cestinho participando! Cheguei a encontrar com um amigo que estudou comigo no colégio que eu não via há anos! Eu devo lançar com o Gabriel um aplicativo de bicicletas para Android em muito breve...

Enfim, tenho feito coisa pra caramba no Brasil, mas aqui meus posts passam semanas até receberem um único comentário. Acho preciso morar fora do país de novo pra voltar a ter visitantes no blog... Aliás, recebi uma proposta pra ir trabalhar na Colômbia daquela empresa do processo seletivo maluco em Macaé =P

quinta-feira, 1 de março de 2012

Macaé 2

A idéia inicial era que à medida que acabássemos a prova, seríamos liberados para o jantar, mas como já passavam das 9h da noite e ninguém dava nem sinal de estar perto, recolheram mesmo assim pra não perdermos a refeição. Novamente os recrutadores ficaram bastante com a gente, fomos para o lado de fora, mais uma atividade de 'descontração' e conversas, claramente estavam nos forçando a ir dormir tarde. Já era bem óbvio pra todo mundo que seríamos acordados de madrugada novamente para outra provinha 'surpresa' em inglês. Dei uma revisada na minha apresentação em Power Point, coloquei o celular pra despertar na hora do check-out e apaguei até o dia seguinte. Ao descermos pra recepção, encontramos com os recrutadores com um sorriso bastante cínico e nos perguntam se dormimos bem.

Ficaram surpresos que ninguém havia sido acordado no meio da noite, e acredito que foram logo descascar com o recepcionista, que esqueceu de entregar as apostilas... Prova cancelada, candidatos querendo abraçar o atendente! Fomos todos para a base, todo mundo foi mantido numa sala 'terminando' a prova de lógica (era pra ser a da apostila não-entregue!), enquanto que um a um era chamado para fazer uma apresentação pessoal em inglês de 5 minutos (mais do que isso desligavam o power point e te mandavam continuar!) aos recrutadores e alguns gerentes aleatórios. Fui bem na apresentação, mas no final me falaram que não tinha vagas pra minha área e perguntaram se eu trabalharia mesmo assim. Respondi que sim, mas que se não gostasse iria embora da empresa, assim que saí da sala me toquei da besteira que tinha falado e estava certo que havia perdido a vaga ali...