Fim de semana nos Emirados!

Como viajar pros Emirados é relativamente barato (400 reais ida e volta!), resolvi que valia a pena passar um final de semana em Abu Dhabi e Dubai. Fiquei na casa de um Couch Surfing, Florent, que dividia o apartamento com outros 2 franceses. A cidade é limpíssima, super ocidentalizada. Impressiona a quantidade de Maseratis, Porsches, Ferraris e outros carros caríssimos nas ruas. Ao contrário da Arábia Saudita, quase não se vê mulheres de burca, homens e mulheres estão misturados em todo lugar, só mesmo os ônibus que tem uma parte reservada pra elas.

Outra grande diferença, é que nos Emirados ninguém vive mal, não há mendigos nas ruas nem casas ou prédios mal cuidados. É incrível a quantidade de grandes projetos em andamento no emirado: universidades, ilhas de cultura, centros de esporte, museus em construção... As ruas são bem largas e não há trânsito em horário nenhum. Acho que o grande problema é estacionamento, porque a maioria desses prédios de 20 andares não tem garagem, talvez até por isso que tenham todas essas ruazinhas minúsculas entre eles.

Como exceção de um dos emirados (que recebe apoio da Arábia Saudita), álcool é permitido no país todo. Fomos a despedida de umas garotas que estavam indo embora, e logo notei como viver na Arábia Saudita influência na nossa resistência alcólica. Duas caipirinhas, uma latinha de cerveja e eu já estava mais pra lá do que pra cá... A grande vantagem é que ao contrário dessas produções caseiras típicas da Arábia, não tive ressaca no dia segunte!


Na sexta-feira fomos andar de quad-bike em Dubai. Como éramos um grupo grande, tivemos um guia que nos levou para viajar no deserto, longe do cercadinho onde o pessoal fica normalmente. Dá um medo do caramba subir esses morrinhos de areia que não dá pra ver quão íngreme será a descida. Na maioria dos casos eu descia de qualquer jeito, às vezes o carro até saía um pouco do chão, o que só aumentava a adrenalina. Não capotei nenhuma vez, mas terminamos o passeio com um saldo de 2 carros a menos.

Atividades em KAUST

Sei que não deveria demorar tanto pra postar, porque as notícias acabando ficando velhas... Como esse ano resolvi fazer 5 matérias (enquanto que o recomendado são 3), tem me sobrado muito pouco tempo pra escrever no blog. A praia que tem aqui perto de casa é super rasa e impossível de nadar. Como a gente sempre passa de bicicleta pelo píer da casa do ministro de petróleo, resolvi que ia nadar lá de qualquer jeito na quarta-feira passada.

Depois de não sei quantos metros, a água fica finalmente funda! Eu tive a impressão de ter visto algo parecido com um golfinho, mas como segundo o Omer não tem golfinhos no Mar Vermelho, resolvemos não mais mergulhar só por preucação. Como de tardinha a maioria dos trabalhadores já tinha ido embora, aproveitamos para explorar a casa do ministro, que ainda está sendo construída. Tem não sei quantas piscinas e tudo leva um mármore acinzentado que provavelmente deve ser o mais caro de todos. Como gosto não se discute, vou abster dos meus comentários sobre a casa que mais parece um bunker. Vou tentar passar a nadar lá pelo menos uma vez por semana, porque como diz aquele velho ditado brasileiro, alegria de pobre dura pouco, não sei até quando vão manter o pier acessível a meros mortais. Até agora só colocaram uns pedaços de madeira na frente facílmente puláveis.

Um clube de bebida com um problema de corrida

Essse final de semana o grupo de mountain bike resolveu fazer um evento em conjunto com o Hash, que iam acampar num local bem bacana. Aparentemente, o Hash é algo bastante britânico, mas que existe em todo o mundo. Por motivos óbvios eles resolveram não adotar o slogan do grupo na Arábia Saudita, hehehe. Nos perdemos várias vezes pelo caminho, e quando chegamos ao local, o grupo já tinha partida há uns 20 minutos.

Como eles deixam marcas com carvão branco pela trilha, não foi difícil encontrá-los depois de uma corridinha. Devíamos ser mais de 100 pessoas andando pelas montanhas, quase todos estrangeiros. Nas partes planas, pode-se correr, mas de tempos em tempos é preciso esperar pra reunir o grupo. O que me impressionou foi a quantidade de ciclistas conhecidos de Jeddah, que andam com a gente nas sexta-feiras depois de correr os Hashes de quinta!

Enquanto eu estava correndo, estavam distribuindo roupas de baixo femininas, e eu ganhei uma calcinha de 'brinde'. Na parada para frutas e água, haviam vários outros caras com sutiãs e calcinhas. Voltamos ao acampamento e coloquei o meu souvenir na mochila. Depois de todos chegarem, nos reunimos num círculo e todos que tinham apanhado os brindes trocaram por chocolates, menos eu que havia guardado. No acampamento fizemos um grupo com os companheiros de pedal, e ao redor da fogueira, tínhamos direito a churrasco, café irlandes e chá britânico. Alguns tinham até vinho.

Minha barraca de R$10 do supermercado local até que funcionou muito bem, pelo menos enquanto não chover, hehehe. O único desconforto era um pessoal tocando música até tarde. A pedalada no dia seguinte foi incrível, cheia de camelos selvagens pelo caminho e atravessamos diversas criações de ovelha/cordeiros. Me senti praticamente como fazendo um safari de bike. Na volta encontramos até com pastoras mulheres, óbvio, todas cobertas com a burca preta no sol forte...

Diferenças culturais

A idéia de usar um véuzinho pra cobrir o cabelo eu acho mesmo sensacional, e fico imaginado como seria se fosse copiada pelas mulheres do mundo todo. Já imaginou nenhuma garota ficando sentida por você não ter reparado que elas cortaram 2 centímetros de cabelo??? Pras mulheres que sentem a necessidade de se vestir ainda mais decentemente e evitar despertar pensamentos maldosos nos homens, ainda há outras opções, deixando apenas os olhos e as mãos a mostra (ou nem isso!).

Segundo a Maha, minha amiga egípcia, essa negócio de cobrir o rosto todo não tem nada a ver com o Islã, é algo da cultura local mas que o pessoal daqui adora misturar com a religião. Ela também diz ter medo de algumas dessas mulheres que se cobrem toda. Recentemente teve um caso horroso de um desses policiais religiosos reclamando que os olhos da mulher estavam muito sexy, o marido se enfureceu e perguntou por que o cara estava olhando para os olhos da esposa dele? Depois que ele resolveu que não ia cobrir mais porcaria nenhuma, o cara da polícia religiosa sacou uma faca e partiu pra cima mesmo. No dia seguinte saiu uma notinha reiterando que a polícia religiosa tem o direito de solicitar que uma mulher cubra seus olhos, se esses forem considerados sedutivos e possíveis de levar um homem a cometer um pecado...

Viagem

Aparentemente o Muhammed não vai viajar com a gente por causa da tese de mestrado, e a Débora e o Conrad já deixaram claro que só pretendem viajar de avião, se hospedar em hotéis (nada de albergues!) e no máximo fazer passeios curtos perto das cidades com aeroporto. Ainda não planejamos nada a fundo, mas estou quase sentindo saudades de toda a liberdade de viajar sozinho e de fazer a sua programação no seu próprio ritmo... Depois de sairmos da casa da Débora, marquei com o Muhamed de ver Little Fockers (Entrando numa fria) no cinema às 15h30. Estranhei não encontrar ninguém na fila, e a sala cheia de criancinhas, mas tudo bem. Quando o filme começa, a surpresa! Era o desenho animado da Disney de Rapunzel, acredito que o Muhammed tenha se engano, e malandramente nem apareceu no cinema...

Hoje fizemos de novo aquela pedalada no deserto, juntamos 18 ciclistas! A Maha estava falando como estão as coisas em Cairo, onde mora a família dela. Aparentemente há uma união tremenda entre os vizinhos, tudo graças à Mubarak. Pessoas que nem se conheciam, agora passam a se juntar em grupos e fazer uma vigía noturna nos bairros para evitar saques. Eles podem não saber ao certo o que querem, mas estão seguros do que não querem. O grande medo da Arábia Saudita é que o Irã aumente sua influência por lá, ou ainda, que todo esse caos e desordem cheguem a essas terras...

Intercâmbio de comida

Descobri que eu poderia fazer qualquer outra eletiva ao invés da matéria que criava tanta discórdia e atrito religioso (ver post abaixo), e como os meus colegas conseguiram adiá-la em 30 minutos, optei por trancá-la ontem mesmo. Fora isso, tive outro dia super cansativo, andando de bicicleta, jogando frisbee, essas coisas. Como eu já não agüentava mais o frango desfiado com abóbora que eu tinha feito há uns 2 ou 3 dias atrás, e a Débora também queria se desfazer do bobó de camarão, realizamos um intercâmbio de comida, que pelo menos pra mim funcionou muito bem!

De novidades, chegou uma brasileira nova na KAUST, que não pára de falar, ficou quase uma hora ontem com a gente no telefone. Finalmente, o Conrad descobriu que vai poder tirar férias junto com o nosso Spring Break, e talvez o Mohammed (que esteve lá em casa no Rio no ano passado) também se junte a nós pelo sudeste asiático. Amanhã vamos planejar a viagem, provavelmente pela Malásia e Cambodia, e talvez também estenderemos a Vietnam e Laos.

Volta às aulas

Mal começaram as aulas de verdade e os meus amados colegas de classe descobriram que uma matéria que eu faço aos sábados e às terças, no último tempo, conflitua com um horário de reza. A idéia é adiar a aula em 15 minutos, batendo assim com o meu horário de mountain bike na KAUST. Minha vontade era mandar eles trancarem a disciplina e rezarem pelo resto da tarde na mesquita sem pressa nenhuma, mas provavelmente eu é que deverei ceder =(

Pelo menos ontem eu ainda consegui andar de bicicleta e jogar ultimate frisbee de tardinha, dessa vez conseguimos formar 2 times de 5 mais um reserva.

Feliz ano do coelho!

Ontem tivemos a comemoração da passagem de ano chinês aqui na KAUST. Jamais esperei que fosse possível reunir tanta gente no Student Center. Além das músicas, tai chi, opera e karaoke típicos (umm...), houve uma apresentação de dança mais moderna. Provavelmente os árabes mais conservadores condenariam esses movimentos de dança tão anti-Islã, mas estavam tão ocupados prestando atenção na performance das garotas, e resolveram reconsiderar já que o presidente da universidade também é chinês, hehehe.

Incrivelmente ainda fizemos algo que é proibido no Brasil, mas permitido na Arábia Saudita! Lançamos balões com desejos nas mais diversas línguas, e todo mundo procurava ajudar a soltá-los. Não sei quanto as supertições, mas dois balões bem afundaram na água ou pegaram fogo logo no início do caminho, ao menos os que tinham os meus desejos voaram pra bem longe =)

Muito ocupado

Acabaram-se as palestras obrigatórias e o meu plano de viajar pro Egito foi por água abaixo, todos os motivos do mundo pra virar o ser mais desocupado da faculdade, certo? Ao contrário do que poderia parecer, esses últimos dias sido bastante corridos, e tem sido muito difícil manejar tempo para cozinhar com a Débora e o Conrad, jogar Wii, andar de bicicleta, escalar no paredão, e mais um monte de outras coisas que tem tomadado praticamente o meu tempo todo.

Ontem eu oficialmente entrei no grupo de Frisbee da universidade, jogamos à noite 2 vezes por semana num campo de futebol iluminado. À noite a Débora ainda nos chamou para provar o caldo verde dela, feito especialmente com ingredientes proibidos que vão contra todos os princípios do Islã (carne de porco brasileira), o que deu um gostinho um tanto quanto especial! Ainda não consegui ir velejar com o Conrad, parece que os barcos estavam reservados pra esse final de semana, e ainda preciso me preocupar em comprar as passagens aéreas pro próximo feriadão, provavelmente Malásia e Tailândia. Nada como uma semana super estressante antes de começar as aulas...