sábado, 30 de julho de 2011

A caminho

Dizem as más línguas que estão esperando é um político vir cortar a fitinha e inaugurar oficialmente a bendita ponte, que já está pronta há tempos. Estávamos voltando do almoço, e como sempre, a ponte estava fechada, mas dessa vez tinha um cara no meio do caminho. Inicialmente achávamos que era um segurança tomando conta do pedaço, mas de repente ele se vira pra trás e faz sinal pra 2 mulheres bem vestidas de salto alto acompanharem. Ao chegarem ao nosso lado, rindo a beça, pegam um atalho pela lama, passam por cima de um pedaço da cerca que caiu com a chuva, e nos falam algo em holandês, suspeito que pra nunca inaugurem a ponte, que é muito mais divertido atravessar assim. Bom saber que não somos só nós os estagiários...


Por unanimidade, nossa sala formada só de estagiários resolveu por bem terminar o expediente de sexta-feira 2 horas mais cedo, muito influenciado pelo fato de alguns dos nossos chefes estarem de férias... Aproveitando as horinhas a mais e como não estava chovendo, resolvi ir de bicicleta com o Pierre até um parque nacional, a uns 15km de Arnhem. O bacana é que uma boa parte dele não tem árvores, é formado principalmente por arbustos e gramídeas, assim dá pra ter uma vista super ampla do local. Com o corte de árvores descontralado, boa parte da Holanda no passado virou um grande deserto de areia, que ainda pode ser visto em algumas partes de Veluwezoom. Junto com as colinas e os animais que a gente não viu, o local é único no país. Pedalamos pelas trilhas de cavalo, o que não se mostrou uma boa, já que atolamos umas duas ou três vezes em pântanos, mas valeu a experiência.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Semana sem chefes

Com o meu supervisor e o meu chefe estão de férias, apesar de terem me deixado cheio de coisas pra fazer, a semana no estágio passou muito mais rápido. Como ninguém estava na sala do Gerard, chamamos ele pra se unir a sala dos estagiários. Na hora do almoço, 'inauguramos' uma ponte que estava fechada por uma cerca, mas malandramente achamos uma passagem secreta pela mata, pra compensar no outro lado demos de cara com o segurança, que falou algumas coisas em holandês e avisou que estava fechada. No dia seguinte a ponte estava bem mais protegida, mas ainda assim encontramos um furo, só que dessa vez no outro lado não tivemos saída: precisamos pular um muro de mais de 2 metros.

Só essa semana a internet caiu 2 vezes. Hoje eu já pensava em aproveitar a tarde sem computador pra ler 'O triste fim de Policarpo Quaresma', um dos livros que baixei de graça no meu celular. Meus planos foram por água abaixo ainda durante o jantar: meu colega de quarto bateu na minha porta e me pediu pra ajudar a consertar a internet. É meio complicado entendê-lo, já que ele só fala holandês, e eu só falo inglês. Resolvi o problema do mesmo jeito que da última vez: tirei tudo da tomada e coloquei de novo. A Dona Pieterese, que faz questão de não se envolver com nada dessas tecnologias, brincou que eu já estou especialista no assunto.

sábado, 23 de julho de 2011

200 km depois...

Como ontem era o último dia da caminhada de Nijmegen, combinei com os outros estagiários da KEMA de irmos todos para as festividades de encerramento. Nunca vi a estação de Arnhem tão lotada, mas a verdade seja dita: tinha trem a cada 10 minutos, colocaram trocentos de fiscais pra ajudar e estava muito bem organizado. Notava-se ao longe quem tinha participado da caminhada, pessoas de todas as idades, exaustas, mas um tanto quanto realizadas, como se tivessem acabado de cumprir uma missão, exibindo orgulhosas a medalhinha no peito, mesmo que mal conseguissem arrastar as pernas. Vários carregavam gladiolas (a planta símobolo do evento). Grupos de alemães e britânicos se aglomeravam nos bares conversando bem alto e por fim celebrando o sucesso.

O evento era super internacional, vários participantes eram canadenses, alemães, belgas, suíços... Barraquinhas eram vistas por todos lugares, algumas vendendo camisas com frases engraçadas, lembrancinhas da cidade e comidas dos mais variados lugares do mundo (Vietnam, Suriname, Palestina, Caribe, Holanda...); palcos temáticos com música ao vivo estavam espalhados por todo canto. Encontrei até um grupo tocando samba (foto ao lado!), apesar de mandarem muito bem, nenhum deles me pareceu ser brasileiro. Vários militares apareceram na festa de farda, que funcionava como um verdadeiro ímã para as garotas. Durante a semana a festa acabava depois das 4h da manhã, assim os foliões mais afoitos acabavam se encontrando com os esportistas, já que eles partiam a essa hora da madrugada para a caminhada.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Andando em Nijmegen

Domingo aproveitei que chuva deu uma trégua e dei uma pedalada até Nijmegen, a outra grande 'metrópole' da região, que fica a uns 20km ao sul de Arnhem. Achei curioso que vários prédios que parecem ter pelo menos uns 200 anos, foram na verdade construídos na década de 50. Como a Holanda não participou da Primeira Guerra, nunca tinha passado pela cabeça dos governantes que seria necessário investir no exército, até que os alemães surpreenderam e bombardearam terrivelmente a cidade de Rotterdam (que foi totalmente destruída), assim os amados vizinhos dominaram o país todo em menos de 5 dias. Mas as cidades perto da fronteira foram destruídas e bombardeadas basicamente pelos aliados, que alegaram que os alemães escondiam várias armas por aqui.


Também me chamou foi a quantidade de gente nas ruas e vários palcos espalhados pela cidade. Segundo o Huib trata-se do maior evento internacional de caminhada, que começou com militares marchando, mas agora pessoas do mundo todo (mais de um milhão!) se reúnem essa semana em Nijmegen para caminhar percursos diários de 50km. Dia desses eles vieram até Arnhem, deram uma volta na cidade e voltaram para Nijmegen. Quem conseguir completar todas as provas ganha uma medalhinha no final. Tem percuros de vários tamanhos, mas claro que o mais bacana é esse de 50km. Acredito que a maior parte do pessoal que vem mesmo é para as festas que ocorrem toda noite e só acabam às 4 da manhã, quando os mais esportistas saem para caminhar.

sábado, 16 de julho de 2011

Volta à Holanda

Próxima semana o meu chefe entra de férias, mas já essa semana o superior dele começou a me passar (ainda mais!) tarefas. Entrei de para-quedas numa reunião pra definir um novo consórcio/projeto de pesquisa sobre sistemas fotovoltaicos, e (como sempre!) me colocaram pra fazer a parte chata: procurar por instituições que poderiam entrar como parceiros. Sexta-feira foi aniversário do Gerard, o outro estagiário do nosso projeto. Todo mundo do departamento se reuniu, ele trouxe um bolo de festa, e finalmente me apresentaram ao André, o português que trabalha no nosso departamento.

O tempo não tem estado dos mais agradáveis, a verdade é que nem parece que estamos no verão, chove dia sim, dia também. O engraçado é que mesmo assim vários holandeses continuam andando de bicicleta pra cima e pra baixo, mas claro, com roupas impermeáveis. Continuei indo de bike todos os dias pro trabalho, mas acho que num dia que chovia um pouco mais forte e cheguei um pouco molhado, acabei pegando um resfriado. Hoje passei o dia descansando, e agora já estou bem de novo. Essa fiquei um bom tempo sem internet, segundo a Dona Pieterese foi bom, que pelo menos eu passei mais tempo lendo livros do que no computador. De qualquer forma, estou feliz de ter a internet de volta! =)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Hamburgo

Aproveitei que a Débora e o Conrad estavam na cidade para visitá-los no final de semana. Fizeram questão de me mostrar tudo em tão pouco tempo! No Walking Tour descobrimos várias curiosidades sobre a cidade. Desde tempos imemoriais era um ponto tax-free, o que fez da cidade um dos portos mais importantes na Europa. Também foi lá que uma companhia de agrotóxicos teve a idéia de usar o gás para extermínios em massa. Seria menos impactante para os soldados alemães do que matar um a um, atualmente o prédio da companhia virou um memorial para os judeus mortos. Na segunda guerra os aliados passaram 8 dias bombardeando a cidade 24h por dia (revezavam entre os americanos e britânicos), muito mais por um efeito psicológico do que prático, queriam mostrar aos nazistas que eles perderam essa. Depois do passeio, alugamos umas canoas e passeamos nuns canais muito bacanas mais afastados do centro.

Antes de guerra, meia cidade tinha sido queimada em 1800 e tanto por causa de um incêndio que começou num armarim. É incrível como tudo à direita foi destruído e à esquerda ficou intacto, e ainda hoje vê-se as casinhas históricas (advinha pra que lado o vento soprava naquele dia!). Jantamos num restaurante à esquerda do tal armarim, que funcionava como um bar nos tempos áureos da cidade, e vários marinheiros penduravam uma nota no teto pra garantir que voltariam e tomariam outra bebida, mas pela quantidade que sobrou no teto, nota-se que não era todo mundo que voltava... Domingo de manhãzinha fomos até o mercado do peixe, que atualmente bomba na cidade como um local pós-festa, onde tinha música ao vivo e gente vendendo um pouco de tudo.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Depois do trabalho

Ontem a Helena passou na KEMA pra conhecer o nosso trabalho, eu aproveitei foi a ocasião pra chamar todo mundo a conhecer a minha casa e despachar aquela lasanha velha de 1kg que eu tinha comprado no supermercado há um tempo atrás. Passamos antes no Lidl aqui perto pra nos abastecer com cervejas e petiscos. Já não aguentava mais olhar pra aquelas 200 páginas que eu precisava ler, e demos destinos muito mais interessantes: escrevemos o nome de pessoas famosas e colamos na testa de cada um, que era preciso descobrir quem era apenas com perguntas de sim/não. Depois juntamos vários pedaços de papel, cada um escreveu uma frase, passou pra pessoa ao lado, que desenhou em outro pedaço de papel o que leu, e o seguinte escreveu uma frase sobre o desenho da outra pessoa, e como num telefone sem fio, chegamos a coisas totalmente diferentes...

O tempo passa bem mais depressa com amigos, ainda mais quando eles se voluntariam pra lavar a louça! Hoje a Helena e o Enoch (de novo!) voltaram pra França. Mas agora não posso nem mais resmungar, estou tirando essa sexta-feira pra viajar até Hamburgo, encontrar com a Débora e Conrad!

domingo, 3 de julho de 2011

Sábado de sol

Aproveitei que finalmente um sábado amanheceu ensolarado pra fazer o que há tempos estava morrendo de vontade: ir até a Alemanha de bicicleta! Peguei minha pequena camelbak (aquelas mochilas com reservatório de água), montei um sanduíche e um pacote de biscoito. Seguindo o GPS do celular não tem erro! Depois que saí de Arnhem, as maiores montanhas que enfrentei foram as pontes, seguidas pelos quebra-molas, fora isso era tudo bem plano. A grande decepção é que não tem nada demarcando a fronteira entre os dois países. Nota-se que chegou-se à Alemanha quando a qualidade das ciclovias pioram. Um pouco mais adentro do país vizinho, notei umas nuvens grandes de chuva e resolvi que era hora de voltar pra casa. Passei ainda no supermercado (com fome!), e comprei mais do que conseguia guardar na mochila. Amarrei o pacote de pão na traseira e voltei contra o vento.

Levei uma hora a mais na volta, e encontrei com a Dona Pieterse em casa. Mostrei uma bandeirinha da Alemanha que eu apanhei na rua, mas acho que por causa da guerra ela não gostou muito, e dei um pacote de bombons que comprei no supermercado de lá. Ela falou que o menino estava se mudando pro quarto de cima e tinha uma cama gigante que cabiam até quatro pessoas! Passei lá só pra dar um 'oi' pros pais dele, não deu nem tempo de tomar banho, já estava atrasado pro churrasco na casa dos franceses! A namorada do Enoch chegou semana passada, trouxe umas salsichas croatas, e tivemos uma tarde muito agradável batendo papo furado. O melhor de tudo é que o churrasco custou apenas €3.50 por pessoa, incluindo as cervejas e os crepes de nutella!