sábado, 13 de julho de 2013

Volta pro Brasil


O tempo de descanso no Brasil foi otimo e passou voando. Assim que voltei para Barranca, descobri que o meu mundo tinha virado de cabeça pra baixo: o gerente da empresa para Colômbia e Equador fez uma visita na base e demitiu o chefe de Barranca. Não significava exatamente um 'vácuo de poder', todos os dias vinha alguém da alta gerência 'tomar conta' da base. Em menos de 2 semanas realizei o trabalho de 'break-out' com algumas manhas dos engenheiros de Barranca supervisado pelo meu chefe, e finalmente voltei para Bogota.

A foto ao lado é um prato típico da região de Santander aqui na Colômbia, comer essas formigas grandes com sal, na verdade não gostei muito não... Sempre me pareceu bem trânqüilo ir da minha casa para o trabalho de bicicleta aqui em Bogotá, mas uma vez que saí um pouco mais tarde (umas 21h) com o laptop da empresa, meu próprio chefe subiu um reporte e suspendeu a minha promoção. Ficou um clima um pouco pesado no início, mas agora já estou trabalhando bastante. Apesar de não ir mais a poços, estou com muitas atividades, preparando e calibrando trabalhos para todos os lados, muitas vezes como o único engenheiro da base. A boa notícia é que consegui a transferência pro Brasil, vou trabalhar em Aracaju, mas ainda não sei quando.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Chefinho


Uma das diversões em Barranca é falar mal do chefe, que também não é nenhum santo. Sempre começamos o dia com uma reuniãozinha, em que se discute os próximos trabalhos e as atividades que cada um vai fazer. Em geral ele escolhe um ou dois engenheiros pra pegar no pé e fazer um escândalo sobre os problemas que tiveram em campo na frente de todo mundo. Depois segue perguntando um a um o que tem planejado para fazer no dia, e ele considera que não é suficiente pra justificar o dia, te manda embora da base e te marca como dia de férias. Uma época ele queria que fizéssemos um relatório individual todo dia com o que fizemos, mas nos rebelamos e agora acho que já se esqueceu da idéia. Ouvi dizer que ele dá chiliques quando chega na sala dos engenheiros e quase ninguém está no pátio. O lado positivo dessa história (se é que existe), é o que o pessoal é bem pró-ativo e sempre está buscando o que fazer.

Iguanas, corujas e pássaros já não me chamavam mais a atenção, mas na semana passada notei que tem um jacaré no rio que eu cruzo todo dia para ir pro trabalho. Não sei porque isso me fez lembrar do meu chefe, hehehe. Sobre o meu trabalho de break-out, ainda vai demorar mais um pouquinho, porque o outro trainee que está na minha frente teve uns probleminhas, e enquanto a fila não anda... Aproveitei para pedir 2 semanas de descanso no Brasil, prontamente aprovadas. Não esperei mais, e comprei as passagens antes que pensassem em mudar de idéia!

domingo, 17 de março de 2013

Ao trabalho!


Apesar de ser um tanto quanto ranzinza, logo depois da greve, nosso chefe pareceu simpático, disse para esquecer qualquer coisa, e tratar os operadores bem, como se nada tivesse acontecido e esquecer quaisquer ofensas. Como passamos bastante tempo com os operadores durante os trabalhos, se vai conhecendo melhor, e eles também são boas pessoas, mas como em qualquer lugar do mundo, se um não batalha pelos seus direitos, não consegue nada (sem julgar os métodos). Nos poços eles sim trabalham bem (até porque assim podem sair mais cedo), na base já é ao contrário, enrolam ou desaparecem o quanto podem, como vantagem os engenheiros acabam aprendendo conhecendo mais o trabalho deles, já que muitas vezes nós que acabamos fazendo.

Aqui se aprende na marra o quão importante é ser um bom líder, tratar as pessoas bem, e principalmente que os operadores vão com a sua cara, pois se eles 'esquecem' alguma coisa, o responsável por não ter supervisado será sempre você (mesmo sendo humanamente impossível estar em todos os lados ao mesmo tempo). Assim é esperado que o engenheiro convide todos a tomar café da manhã, leve lanche, saia com os operadores depois do trabalho, e por bem ou por mal, isso gera um clima maior de confiança. Outra coisa boa daqui da base são os engenheiros, acho que só cozinhei uma vez em Barranca, sempre almoçamos e jantamos fora, batemos muito papo furado e tem um clima bem bacana de amizade na base. Agora eu entrei na fila expressa para o break-out, essa semana finalmente o outro trainee deve virar capacete branco, depois eu devo ir finalmente a um trabalho como único trainee, e o no próximo, já seria a minha vez. Estou contando os dias.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Em Barrancabermeja


Por fim consegui resolver o lance do visto e no dia segunte viajei para Barrancabermeja, onde supostamente haviam bastantes trabalhos para eu ganhar prática rápido. Assim que cheguei na base, fui falar com o chefe, que estava numa reunião com outros engenheiros e de repente toca o alarme de evacuação. Todos nos seus respectivos pontos de encontro, menos os operadores, que se aglomeram no lado de fora do portão. O chefe perguntou quem apertou o botão, que isso não é brincadeira, mas ninguém falou nada. Logo começamos a ouvir gritos de ordem contra as políticas da empresa, e assim começou a controversa a greve geral de operadores.

Nos reunimos na sala do chefe, dividimos os engenheiros em grupos, faríamos o trabalho dos operadores e engenheiros, a fim de atender aos clientes até que a greve acabasse. Sem operadores, conectamos as ferramentas para os trabalhos mais urgentes, checamos tudo, e guardamos no caminhão. Como tínhamos uma unidade num trabalho, só precisávamos enviar um equipamento, mas como o pessoal do lado de fora não ia deixar sair nada, escondemos tudo num caminhão de refrigerantes que estava na base. Sabe-se lá como, os operadores desconfiaram (ou alguém informou), abriram o caminhão e ficaram furiosos por tentarmos sacar algo da base.


No dia seguinte, recebemos ordens de não pisar na base. Viriam umas ferramentos num vôo fretado, e do aeroporto partiria direto pra locação do cliente. Avisamos aos motoristas que não fossem de modo algum para a base. Sabe-se lá como, apereceram uns camaradas de moto com capacetes escondendo o rosto, e os condutores foram escoltados até a base, de onde não se pode tirar nada, com os explosivos e fontes radioativas que levavam. Eles disseram que a integridade física deles e das famílias são mais importantes, e disso não se pode discordar.

Apesar da nossa empresa pagar mais que a concorrência, ter mais tempo de descanso para os operadores (jornadas máximas de 12h e a cada 21 dias de trabalho, descansam 7), o sindicato daqui enche o saco. A questão é que com a crise, apertaram o cerco aos operadores que marcavam mais dias de trabalho em campo do que realmente faziam, e estão reclamando que com essa política o salário deles vai diminuir. Ok fazer greve, mas daí a não permitir outros trabalharem, ameaçar pessoas e sequestrar bens da empresa, me parece mais coisa de criminosos e uma falta total de compremetimento com o trabalho. Cancelamos todos os serviços e tivemos de chamar a concorrência para nos cobrir. Desde então estamos de descanso na cidade, por vezes encontramos operadores nas discotecas e bares da cidade, já que eles tem turno de revezamento no bloqueio da base...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Um dia sem carros em Bogotá


Muita gente não curte o prefeito de Bogotá, chamam ele de traidor, sem noção. A verdade é que ele faz o que acha que é certo, e dane-se o que os eleitores pensam. Apesar de nunca ter citado isso durante as eleições, ele era contra as touradas, e uma vez que assumiu o governo, resolveu fechar a 'Plaza de toros' da cidade e transformá-la num centro cultural, com apresentações teatrais e várias outras atividades. O problema é que a matança dos touros é bastante popular com a elite local, mas parece que ele não se importa muito com isso.

Ontem tivemos o 'dia sin carro' em Bogota, em que o prefeito proibiu todos os carros particulares de sairem nas ruas, várias vias foram liberadas só para bicicletas e lançaram uma campanha maciça para transportes em bicicletas ou em transportes públicos. Apesar dos táxis também estarem liberados, as ruas estavam desertas, sem trânsito nenhum e os ônibus deram conta do recado, quem dera os prefeitos tivessem coragem e fizessem o mesmo no Brasil. http://m.eltiempo.com/colombia/bogota/lo-positivo-y-lo-negativo-del-dia-sin-carro-en-bogota/12583232/1

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Vida de Iguana

Não posso reclamar do tempo que estive emprestado em Villavicencio, riamos muito entre os engenheiros, quando estávamos em base, sempre saiamos para tomar café-da-manhã, almocar e jantar juntos, além de aproveitar a piscina, sauna, tênis e cinema durante o tempo livre. A verdade e que eu passei muito mais tempo em poços do que na cidade propriamente dita, mas foi uma experiência ótima para aprender a se virar em situações não esperadas. Tipo quando eu estava sozinho com o cliente e quase 100 explosivos no poço e a unidade de registros se apagou do nada, tinha entrado ar numa tubulação, mas resolvemos rapidinho, o cliente levou na boa e sequer registrou queixa nem nada.

Sei que parece um pouco metido, mas no meu último trabalho, fui e voltei de helicóptero, como era um pouco mais afastado. A memória ruim é que perdi o meu passaporte nesse acampamento, a outra engenheira também se deu falta de uns óculos escuros e dinheiro. Ligamos pra segurança, mas ninguém encontrou nada... Finalmente na segunda-feira meu chefe de Bogotá me chamou para subir de volta em 4h. Não tive muito tempo para despedidas, fiz um leilão entre os engenheiros da minha raquete de tênis e assim que terminamos o almoço, pegamos na estrada. Meu chefe de Bogotá planejava me emprestar a outra locação semana que vem, mas que não vai me enviar a lugar nenhuma até eu resolver a questão do passaporte/visto.