segunda-feira, 2 de abril de 2012

Em território Inimigo II

Voltamos pro hotel, todo mundo ainda com os berros dos recrutadores na cabeça ('Por que você não tá fazendo nada? Mas você não é engenheiro elétrico, e como é que não sabe mexer com isso?? É pra ontem, PORRA!!!'). Fomos divididos e recebemos um case de 5 páginas em inglês e um papel para cada membro do grupo: gerente de RH, chefe de finanças, especialista em segurança, etc. Era um caso real de uma situação bem complicada: 2 engenheiros sêniores brigaram na plataforma pela cama de baixo da beliche e um deu uma martelada no outro; claro que a operadora da sonda exigiu que os dois saíssem imediatamente e realocassem outra pessoa, só que o único cara disponível da empresa estava virado de outro trabalho e com férias planejadas há tempos, e uma outra engenheira estava fora do país e levaria 2 dias para chegar.

Depois de ler o caso e discutir uma solução com o grupo, fomos chamados para entrar na sala, onde os recrutadores simulavam os clientes. Apresentamos o caso, tudo em inglês, ressaltamos que isso nunca aconteceu antes na história da empresa, estávamos tomando medidas para punir os brigões e alterar o treinamento para embarcar. Enviaríamos o cara virado, mas contando que ele pudesse descansar 6h na plataforma antes de começar, por questões de segurança já que é um trabalho que exige muita atenção. Claro que não esperávamos ser tratados com muita simpatia, mas nos cortaram no meio das nossas falas, nos chamando de incompetentes, que não sabíamos o que estávamos fazendo, não deveriam nunca ter nos contratado, que isso não era solução porcaria nenhuma, que eles precisavam de um cara agora, não iam pagar pra ninguém ficar dormindo, era dinheiro deles e problema nosso! Tentei retrucar que simplesmente não tinha mais ninguém da empresa disponível que soubesse fazer o trabalho, mas fui interrompido novamente por um dos recrutadores que bateu forte com a mão fechada na mesa e soltou um bocado de palavrões que isso era inaceitável, e blablabla. Final das contas: sugeriram a gente pagar uma multa de 12h de perfuração (cerca de meio milhão de dólares), e eu (chefe de finanças) topei na mesma hora sem consultar o resto do grupo, que no final também concordou.

Todas as apresentações foram parecidas, descascavam em cima de todo mundo independente do que fizessem. Finalmente fomos todos comer, já morrendo de fome. Depois do longo jantar, a surpresa: tínhamos que ler um artigo de 12 páginas com letras miúdas em inglês e montar uma apresentação e como vamos relatar a experiência para às 6h do dia seguinte. Tirei xerox do artigo pro meu grupo na recepção do hotel e nos juntamos para montar os slides no meu quarto. A última pessoa saiu do meu quarto às 4h50 e eu acordei às 5h15 pra tomar banho e me preparar. Como via de regra, todas as apresentações eram em inglês e assistimos de todo mundo. Depois do almoço rolaram as entrevistas induviduais e só umas 18h é que fomos liberados. Se não contar os 20 min que cochilei de madrugada, dá umas 40h acordado direto, cheio de estresse! Como eu disse, nada como passar 2 dias trânqüilos num hotel cheio de estrelas de frente para a melhor praia de Macaé :-)

3 comentários:

  1. Cruzes! Só faltou entregarem armamento pesado e levar o emprego o último de pé.

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  2. Por que vc tá passando por isso? Não entendo!! Jamais suportaria!!
    Gritou comigo, pediu para morrer.
    Manda td mundo t.. e volta para o Rio

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  3. Haha bem parecido pelo que eu passei!
    Muito cansativo, mas não deixa de ser uma boa experiência. E vc só teve uma noite sem dormir!

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